Histórias

terça-feira, outubro 13, 2015

#356

http://audreylovesparis.tumblr.com/post/61109822032/i-dream-my-paintings-then-i-paint-my-dreams

Acordei e esperei por ele. Ele não veio, eu dormi. Acordei. Fiz uma prece inconsciente, esperei por ele, ele não veio. Acordei. Chorei baixo para tentar não me ouvir, minha mente não se calava, ela gritou, gritou, ele não veio! Incharam meus olhos, fraquejei, deitei, dormi. Acordei. Cheia de esperança, cheia de fé, sabia que algo aconteceria, tive fé o tempo todo, ele vem, ele vem, não seja boba, menina: ele vem. Adivinha só: ele não veio. Passeie pelo dia, pelas ruas da minha própria solidão, tentei entrar em ambientes só meus, ideias só minhas, pensamentos todos meus, início, meio, possível fim, tentei me olhar, olhei, mas não devia ter tentado, o que vi, vi de relance, era ele, ele que não veio. Chorei, dormi. Dormi. Dormi. Dormi. Dias passando, eu dormindo, perdida dentro de mim, querendo matá-lo de mim, é, aquele que não veio, mas a verdade era que meu maior desejo era que ele viesse, e que morresse, no entanto, se morresse, não viria por não poder vim. Lutei com minhas ideias, criei desculpas, imaginei a saudade doloroso e gostosa que ele sentia, seu saudosismo de sua amada. Menina, se tinha saudosismo, e a solução estava ali, por que ele não vinha? Tudo, qualquer coisa, não podia ter verdade, verdades trazem mentiras no colo. Dormi. Fiz milhares de preces conscientes, outras tantas inconsciente, pedia com amor, com esperança, com fé. Dormia. Não desistia. Chorava porque ele não vinha. Eram lágrimas de uma dor tão palpável e invisível que saiam como coisas saem de cortes de lâmina. Eram várias lâminas. Eram cegas, às vezes amoladas. Esperei até ser capaz de apenas guardar a fé dentro de uma sala vazia e iluminada dentro do meu corpo. Sentei, na frente da sala, de frente para a janela dela, a qual irradiava a luz do sol. O sol me amava, me tocava, me ardia, e iluminava a sala, eu a olhava. A lua brilhava naquela sala. Até que um dia eu não sentei mais para olhar, ela apenas continuou lá: minha fé. Criei outras salas, gostei de coisas, nunca outra pessoa, mas muitas coisas. Passeava por mim, não mais precisava dormir, dormia, sim, fisiologicamente, mas não dos corriqueiros outros modos. Até decorei umas coisas. Um dia qualquer, eu sentada fazendo qualquer coisa que me divertia, coisa que eu gostava, coisa que não me deixava dormir, coisa de uma das salas criadas dentro de mim: somente assim ele veio, então tive que dormir.

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